Wednesday, May 23, 2007

Vivre ou Survivre


Et pourtant il faut vivre
Ou survivre
Sans poème
Sans blesser tous ceux qui l'aiment
Être heureux
Malheureux
Vivre seul ou même à deux


(E no entanto é preciso viver
ou
sobreviver
sem poesia
sem machucar os que lhe amam
Ser feliz
infeliz
viver sozinho ou mesmo a dois)

--Daniel Balavoine, "Vivre ou Survivre"



Moira tinha uma aula vaga no meio da manhã e decidira sentar-se um pouco do lado de fora da sala dos professores. Sentia-se tonta e cansada, mais do que em qualquer viagem que tivesse feito dentro do vagão de Wilcox.

Então era aquela a sensação de morrer? Porque sentia-se como uma intrusa em uma história falsa. Bruce tinha razão - a Moira que tivera o amor de Stella e Arthur e Roger não era ela, era uma outra, que a maquinaria de Gabriel Stuart tinha destruído.

Não era justo com ninguém. Nem com a Moira órfã, nem com a outra, recém-destruída.


- E então, Moira?


Ela ergueu o rosto. Peter estava ali, observando-a. Não estava uniformizado. De qualquer forma, parecia um pouco velho para ser aluno do ginásio, embora não fosse ainda um adulto.


- E você é...?

- Me chamo Peter.

- É um bonito nome.

- Minha mãe também achava.


Ele colocou a mão na cabeça de repente. Moira sabia o que era aquele gesto - uma dor de cabeça infernal, como a dos viajantes do tempo. Sem perceber o que fazia, levantou-se depressa e agarrou o garoto pelos ombros, amparando-o.

Eles se encararam e Peter abriu um sorriso desarmado.


- Você sabe que isso dói pra caramba, não sabe?

- Como você chegou aqui?

- Eu não vou ter tempo de explicar agora.

- Diz pelo menos se você veio do futuro. Gabriel Stuart...

- Eu sei. Eu sei de tudo. Tente não entrar em pânico. Eu vim...


Outra onda de dor veio e ele se agarrou aos braços de Moira. O tempo era mais curto do que ele tinha programado.


- Malditos buracos no tempo. Você me espera?

- Aonde, meu Deus?

- Eu te acho. Não se preocupe. Eu sei bem mais do que você imagina.


E, como poeira, ele desapareceu por completo.

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