Et pourtant il faut vivre
Ou survivre
Sans poème
Sans blesser tous ceux qui l'aiment
Être heureux
Malheureux
Vivre seul ou même à deux
(E no entanto é preciso viver
ou
sobreviver
sem poesia
sem machucar os que lhe amam
Ser feliz
infeliz
viver sozinho ou mesmo a dois)
--Daniel Balavoine, "Vivre ou Survivre"
Moira tinha uma aula vaga no meio da manhã e decidira sentar-se um pouco do lado de fora da sala dos professores. Sentia-se tonta e cansada, mais do que em qualquer viagem que tivesse feito dentro do vagão de Wilcox.
Então era aquela a sensação de morrer? Porque sentia-se como uma intrusa em uma história falsa. Bruce tinha razão - a Moira que tivera o amor de Stella e Arthur e Roger não era ela, era uma outra, que a maquinaria de Gabriel Stuart tinha destruído.
Não era justo com ninguém. Nem com a Moira órfã, nem com a outra, recém-destruída.
- E então, Moira?
Ela ergueu o rosto. Peter estava ali, observando-a. Não estava uniformizado. De qualquer forma, parecia um pouco velho para ser aluno do ginásio, embora não fosse ainda um adulto.
- E você é...?
- Me chamo Peter.
- É um bonito nome.
- Minha mãe também achava.
Ele colocou a mão na cabeça de repente. Moira sabia o que era aquele gesto - uma dor de cabeça infernal, como a dos viajantes do tempo. Sem perceber o que fazia, levantou-se depressa e agarrou o garoto pelos ombros, amparando-o.
Eles se encararam e Peter abriu um sorriso desarmado.
- Você sabe que isso dói pra caramba, não sabe?
- Como você chegou aqui?
- Eu não vou ter tempo de explicar agora.
- Diz pelo menos se você veio do futuro. Gabriel Stuart...
- Eu sei. Eu sei de tudo. Tente não entrar em pânico. Eu vim...
Outra onda de dor veio e ele se agarrou aos braços de Moira. O tempo era mais curto do que ele tinha programado.
- Malditos buracos no tempo. Você me espera?
- Aonde, meu Deus?
- Eu te acho. Não se preocupe. Eu sei bem mais do que você imagina.
E, como poeira, ele desapareceu por completo.
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