Tão logo reconheceu Nicholas, Bruce deu as costas ao grupo, nervoso demais. Considerou sair correndo do pub – só por alguns segundos – mas teria sido, ele logo pensou, uma imensa covardia abandonar Moira e a mãe à mercê de um bêbado e de um rapaz que pouco lhe inspirava confiança.
- Bruce? – a voz de Stella prenunciava o que ele não desejava ver.
Bruce se virou devagar. Lá estava seu pai, muito mais velho e deteriorado do que se lembrava. Quando era mais jovem, na época de sua morte, Nicholas já parecia velho em muitos aspectos – a bebida corroera quase toda a jovialidade que possuía. Mas nada preparara Bruce para o homem que de fato seu pai teria se tornado, o profundo olhar de desesperança, as marcas e cicatrizes de incontáveis brigas de bar. Nicholas, um homem que sempre fora alto, agora parecia frágil, curvado e letárgico, um ratinho no meio de homens.
- Pai – Bruce murmurou, sentindo os olhos queimarem.
Nicholas piscou algumas vezes, até reconhecê-lo.
- Ah, aí está você – ele disse, não com satisfação. Virou-se para Peter. – Você é o moleque chato. Amigo seu, Bruce?
Mas Bruce não conseguiria responder. Peter tomou a liberdade:
- Pode-se dizer que sim.
- É melhor voltarmos para casa, pai – agora Bruce parecia distante, mecânico como um robô.
- Voltar? Mas acabei de chegar.
- Não deveria estar aqui.
- Mas essa é muito boa. Venho aqui desde que me entendo por gente.
Ele colocou a mão no ombro de Moira, o bafo de álcool escapando através dos dentes amarelados.
- Venho aqui desde que conheço a Stella. Não é, Stella – sacudiu levemente Moira. – Você ainda é uma moça bonita.
Bruce somente balançou a cabeça.
- OK. Como quiser – e deixou o grupo sozinho, ganhando as ruas.