Wednesday, May 23, 2007

No Pátio

Moira foi para a escola de ônibus com Roger, que descia um ponto antes. Descobrira que era professora de Matemática do ginásio, como o pai antes dela. O pai, aliás, era professor aposentado ("você lembra, o emérito primeiro-ministro mandou que ele ficasse em casa", Roger resmungou). A mãe ainda dava aulas em outra escola.

Foi no pátio que Moira encontrou Bruce. Olhou em volta - ninguém estranhou que os dois se aproximassem.


- Professor também? - ela perguntou em voz baixa.

- Sim. Adivinhe.

- História? - Moira não conseguia imaginar outra profissão para o amigo.

- Eu estou me sentindo péssimo - Bruce rangeu os dentes - Você já leu os livros de História?

- Eu mal tive tempo de assimilar as mudanças mais próximas.

- Estamos numa teocracia, Moira. Numa ditadura cubana! Aliás, nessa alteração de tempo Fidel Castro não existe mais, é algo interessante. Estamos numa república praticamente totalitária! E Gabriel Stuart, o nosso Gabriel, é a figura central. Tipo Atatürk na Turquia. Ou, sei lá, Saddam Hussein.

- Eles ainda existem?

- Eu não fui conferir ainda.


O primeiro sinal tocou, alucinado. Alunos começaram a correr. Professores dirigiam-se à sala de aula.


- E a senhora Glendoning?

- É ruiva. Chama-se Jessica. É enfermeira.

- Você se arranjou com uma enfermeira?

- Não era meu fetiche, se é isso o que você quer saber.

- Acredite, eu não quero - ela deu de ombros - Porque pelo visto continuo tão encalhada quanto antes.

- Melhor que ter que dividir a cama com uma completa estranha, eu acho.

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