Wednesday, November 29, 2006

Triângulo

Nicholas estava com a cabeça debruçada sobre os braços, oscilando entre diversos universos paralelos, e não reparou quando alguém veio cutucar seu ombro. Depois de um empurrão, no entanto, ele despertou, mal-humorado.

Um senhor estava de pé, parado, como se aguardasse.

- Sr. Glendoning, olhe para você – disse o homem, em reprovação.

Nicholas olhou; estava com a velha jaqueta, sapatos limpos e nenhum sinal de vômito na camiseta.

- Quis dizer, veja a situação vergonhosa em que se coloca – o estranho acrescentou, e puxou Nicholas, na intenção de levantá-lo.

Nicholas não tinha forças para protestar.

- Quem diabos é você? – perguntou. O homem que o abordara de forma tão inconveniente parecia, por qualquer razão, não fazer parte do cenário.

- Meu nome é Alphonsine Wilcox. Suponho que você possa saber. Não vai interferir no futuro.

Nicholas franziu o cenho e depois riu alto, pateticamente.

- O quê? Como assim?

Mas a menção do futuro fez com que sentisse um arrepio na espinha, e, depois, náusea. Ele agarrou o braço de Wilcox, quase cambaleando.

- Escute. Senhor. Preciso ir para casa.

- Certamente, Nick.

Wilcox o ajudou a deixar o pub. Enquanto caminhavam pelas ruas, a cabeça de Nicholas começou a doer. Ele olhava para o lado, de vez em quando, encarando o professor com a mais profunda estranheza, e, de repente, por razão nenhuma, parecia perdido, desligado do mundo.

- Agora, onde você vive, senhor Glendoning?

Nicholas ergueu o braço, apontando para uma esquina, mas então viu uma silhueta familiar. Stella vinha pela calçada, tremendo de frio; ao reconhecê-lo, arregalou os olhos.

- Nicholas – ela disse, e olhou para Wilcox. – Estava preocupada. Onde você... o que está havendo?

- Nada – Nicholas murmurou, não sem rancor. – Estava indo para casa, você vê. Este bom senhor me ofereceu ajuda, já que, ao que parece, eu mal consigo ficar de pé.

Wilcox começou a suar frio. Não era bem o que havia planejado.

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