Wilcox acendeu a luz do laboratório. Seu outro eu estivera cochilando, mas abriu os olhos repentinamente, confuso. Os dois gritaram.
- É melhor nos acostumarmos a esse tipo de imprevisto – o Wilcox do presente disse, cinco minutos depois, de olho roxo, quando servia chá para o visitante. O Wilcox do passado assentiu, e seus dedos tremiam quando pegou a xícara.
- Foi tudo um grande erro – explicou o segundo Wilcox. – Eu precisei consultar uma fonte. Onde você estava?
- Visitando o pai de Moira.
- O pai de Moira? Ainda não cheguei lá. Alguma razão em particular para fazermos isso?
- Não. Mas tivemos esta conversa quando eu era você e, bem, achei que eu estava destinado a fazê-lo, de qualquer jeito. Não se pode ir contra a maré, em casos assim. Respeitar a ordem dos acontecimentos e... todo o resto. Deus sabe o que eu teria criado se houvesse desobedecido.
- Certo.
Os dois professores tomaram o chá em silêncio. Algum tempo depois, o Wilcox do passado perguntou:
- Bruce e Moira já sabem?
Milhões de possibilidades se desdobraram na mente do Wilcox do presente.
- Sobre?
- O futuro.
- Ainda não.
- É melhor, mesmo.
- De acordo com um Wilcox do futuro, nossa interferência nem chega a ser necessária.
- Imaginei, imaginei. O que mais ele disse?
- Que era melhor visitarmos um dentista enquanto ainda havia tempo.
- Fez isso?
- Não.
- Bom.
**
Bruce abriu a porta do quarto de hóspedes. Era bonito, com paredes verdes, uma cama de casal feita de madeira escura e coberta por colcha de retalhos. Havia um armário, uma cômoda e uma televisão.
- Quando Finnigan não está, este lado do corredor é o mais silencioso da casa – Bruce contou.
Moira observou o quarto e sorriu.
- Obrigada. Eu não queria dar trabalho para você ou para a sua família.
- Não é trabalho – Bruce olhou para o chão. – E desculpe por não ter salvado você do interrogatório da minha mãe. Eu acho que desmaiei dentro daquele trem.
- Posso perdoá-lo por isso, daqui a alguns anos – Moira deu um leve sorriso. – Eu gosto da sua mãe. E ela parece gostar muito do meu avô, também.
Bruce balançou a cabeça, um pouco sem graça.
- Bem, é um histórico de relacionamentos da família que eu ainda não conheço muito bem – ele se calou por um instante. – Escute. Está com fome?
- Bastante, na verdade – Moira pareceu aliviada.
- Venha, então.
- Já serviram o jantar?
Bruce riu.
- Importa?
Wednesday, November 29, 2006
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment