Wednesday, November 29, 2006

Tea / Supper

Wilcox acendeu a luz do laboratório. Seu outro eu estivera cochilando, mas abriu os olhos repentinamente, confuso. Os dois gritaram.

- É melhor nos acostumarmos a esse tipo de imprevisto – o Wilcox do presente disse, cinco minutos depois, de olho roxo, quando servia chá para o visitante. O Wilcox do passado assentiu, e seus dedos tremiam quando pegou a xícara.

- Foi tudo um grande erro – explicou o segundo Wilcox. – Eu precisei consultar uma fonte. Onde você estava?

- Visitando o pai de Moira.

- O pai de Moira? Ainda não cheguei lá. Alguma razão em particular para fazermos isso?

- Não. Mas tivemos esta conversa quando eu era você e, bem, achei que eu estava destinado a fazê-lo, de qualquer jeito. Não se pode ir contra a maré, em casos assim. Respeitar a ordem dos acontecimentos e... todo o resto. Deus sabe o que eu teria criado se houvesse desobedecido.

- Certo.

Os dois professores tomaram o chá em silêncio. Algum tempo depois, o Wilcox do passado perguntou:

- Bruce e Moira já sabem?

Milhões de possibilidades se desdobraram na mente do Wilcox do presente.

- Sobre?

- O futuro.

- Ainda não.

- É melhor, mesmo.

- De acordo com um Wilcox do futuro, nossa interferência nem chega a ser necessária.

- Imaginei, imaginei. O que mais ele disse?

- Que era melhor visitarmos um dentista enquanto ainda havia tempo.

- Fez isso?

- Não.

- Bom.
**

Bruce abriu a porta do quarto de hóspedes. Era bonito, com paredes verdes, uma cama de casal feita de madeira escura e coberta por colcha de retalhos. Havia um armário, uma cômoda e uma televisão.

- Quando Finnigan não está, este lado do corredor é o mais silencioso da casa – Bruce contou.

Moira observou o quarto e sorriu.

- Obrigada. Eu não queria dar trabalho para você ou para a sua família.

- Não é trabalho – Bruce olhou para o chão. – E desculpe por não ter salvado você do interrogatório da minha mãe. Eu acho que desmaiei dentro daquele trem.

- Posso perdoá-lo por isso, daqui a alguns anos – Moira deu um leve sorriso. – Eu gosto da sua mãe. E ela parece gostar muito do meu avô, também.

Bruce balançou a cabeça, um pouco sem graça.

- Bem, é um histórico de relacionamentos da família que eu ainda não conheço muito bem – ele se calou por um instante. – Escute. Está com fome?

- Bastante, na verdade – Moira pareceu aliviada.

- Venha, então.

- Já serviram o jantar?

Bruce riu.

- Importa?

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