Monday, November 13, 2006

Reencontro

Esperando Rob se informar na recepção, Bruce redescobriu o quanto desgostava de hospitais. Quando seu pai fora internado pela primeira vez, muitos anos atrás, lembrava-se de ter passado quase uma semana dentro de um. Honoria, naquela época, não sabia com quem deixá-lo. Londres era grande e assustadora demais para um garotinho, e Bruce sentira-se, a princípio, aliviado por faltar à escola.

Acabou por se tornar conhecido de duas senhoras que dividiam um leito, para quem, às vezes, mudava os canais de tevê. Uma delas faleceu antes que o pai de Bruce recebesse alta, e ele observou, pálido, enquanto retiravam o corpo em uma maca coberta. Embora muito pequeno, já tinha certa consciência do que era a morte. O pai lhe explicara durante o enterro do avô.

Passara o resto daqueles dias na sala de espera ou na lanchonete, longe dos quartos e dos pacientes. O trauma criou-se com o tempo. A cada novo ano, as lembranças pareciam piores.

- Bruce – Rob retornou. – Já tenho o número do quarto.

Bruce seguiu o padrasto em silêncio. A mãe aguardava ao lado de Moira, as duas sentadas em bancos do corredor. Honoria se levantou.

- Que bom que chegaram – ela beijou os dois.

Rob pareceu acanhado. Ele estendeu a mão para Moira.

- Sou Robert, o marido de Honoria. Conheço seu avô já há algum tempo. Como ele está?

Moira aceitou o cumprimento, erguendo-se.

- Estável. Mas não sei se isso é bom.

Honoria cutucou o marido, parecendo agitada. Lembrou-se e perguntou a respeito de Finnegan. Enquanto Rob explicava as providências tomadas, Bruce aproveitou a deixa para se aproximar. Sorriu de leve.

- Como você está?

Moira balançou a cabeça.

- Eu não sei. Já é a segunda vez – ela o observou com o canto dos olhos. – Não me contou que você e seus pais eram conhecidos da minha família.

- Robert é meu padrasto. E eu não fazia idéia até encontrar seu avô em pessoa, há alguns meses atrás.

- Onde?

- Em um aniversário. Do Rob.

- Por que não me contou?

Bruce deu de ombros.

- Eu não faço idéia.

1 comment:

Anonymous said...

Talvez eu devesse comentar mais ou ser mais incisivo em meus comentários, mas serei breve: acho Tempo Pretérito uma das histórias mais legais que já li.

Está nos meus favoritos, tem uma mistura encantadora de mistério e ficção científica que eu particularmente gosto.

Não parem. Não sei quantos leitores vocês têm, mas quero o primeiro lugar na fila.