Bruce pegou o telefone sem fio. Aproximou-o do rosto com a mesma vontade com que teria se aproximado de lixo radioativo.
- Wilcox?
- Bruce. Não diga nada.
Bruce não disse; Wilcox, tampouco.
- Wilcox? – Bruce repetiu, depois de ser deixado sem resposta durante cinco minutos. Winifred passou pelo corredor, logo atrás dele, com a desculpa de ajeitar um dos quadrinhos da parede. – O que está acontecendo?
- Silêncio. Estou escrevendo o que vou dizer.
- Está o quê? OK. Certo. Vamos por partes. Se está escrevendo, por que está ao telefone ao mesmo tempo? Eu sou algum tipo de musa? Tália? Melpômene?
- Estou escrevendo o que vou dizer para você. Deus. É tão difícil...
Bruce balançou a cabeça.
- Não vou me casar com você, se é o que está tentando propor.
- Muito engraçado, Bruce. Você é um humorista nato.
Quando Winifred passou pela segunda vez, Bruce baixou o tom de voz. Começava a ficar zangado.
- Wilcox, eu realmente, realmente não posso lidar com mais uma das suas crises criativas neste momento. Moira está aqui e...
- Moira? – Wilcox berrou, de repente.
Bruce afastou o ouvido do fone. Visualizou o mundo se partindo e uma tartaruga gigante se erguendo do núcleo do planeta.
- Ah. Moira, sim.
- O que ela está fazendo aí?!
- É uma longa história. Vou lhe contar tudo, com prazer, semana que vem.
- Quero falar com ela!
- Por quê? Vai propô-la em casamento também?
- Preciso falar com ela. É urgente. Tem a ver com a máquina – Wilcox exigiu, a respiração de quem havia acabado de correr uma maratona.
Thursday, November 30, 2006
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