Friday, September 15, 2006

Sob o olhar de Einstein

Bruce acordou com o som de uma voz.

Foi quando percebeu que não estava em sua cama. A rigor, não estava nem na sua casa.

Olhou em volta, a cabeça vibrando como um tambor. Estava vestido, em cima de um sofá-cama vermelho. À esquerda, um pôster de Einstein observava o local com ar de quem pensa o que vai comer no almoço.

Alguém se sentou aos pés da cama improvisada, fazendo ranger as molas do colchão. Ele teve dificuldade em focalizar a imagem por alguns instantes.


- Bruce, é sua namorada no telefone.


Era Moira, com o celular de Bruce nas mãos – uma coisa ridiculamente antiquada, com os botões descascando e uma antena presa com fita adesiva. Ela estava pronta para sair para o trabalho, embora ainda estivesse um tanto abatida.


- Eu dormi aqui?

- Desmaiou seria o termo certo. Nem jantou. Eu não consegui te acordar.

- E a Rose está no telefone.

- Parece que sim.


Bruce colocou o aparelho na orelha, mas estava tão tonto que parecia ter se esquecido como se dizia “alô”. Do outro lado da linha, Rose falava - muito depressa e muito alto - alguma coisa que lhe parecia estupidamente incompreensivo.

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