Monday, September 11, 2006

À beira do fogão




Moira assentiu, enquanto seguia para a cozinha. Tinha erguido o rosto, embora ainda estivesse um tanto abalado.


- Caixa de Pandora ou não, ela já está aberta. E agora eu vou ficar com esse fantasma na cabeça.


Parou por um minuto e abriu um sorriso cansado.


- Acabei de me lembrar de algo. Aquela abertura no tempo foi única, nunca mais retornará. O que é um alívio, de certa forma...

- Alívio? – Bruce não parecia entender.

- O professor não pode, ainda, escolher para onde ele vai. Ainda. Ele está ao sabor dos buracos que ele encontra no tempo. Isso significa que eu não posso voltar, também. A não ser que eu encontre um buraco próximo àquela data, mas eu estou com medo. Você tem razão. Arthur Harris é um nome comum, não? - e, numa pausa forçada - Você tem estômago para comer alguma coisa?


Bruce assentiu, sem discutir. Descobrira que cozinhar deixava Moira calma – enquanto ela se concentrava nos ingredientes e no fogão, ela não se preocupava com o resto. O cheiro da comida era sua própria máquina do tempo - o tempero era parecido com o que o pai de Bruce usava para cozinhar, geralmente escondido na cozinha, longe das garras de Honoria e sua mania de organização.

Ao contrário do que dissera, acreditava que aquele homem era o Arthur Harris certo - era bem parecido com o rapaz ossudo e cabeludo da foto que Moira tinha na carteira. Mas como se recusava a crer que tudo oque tinha passado era real, se recusava tambéma admitir que tinha visto, vivo e jovem, um homem que estava morto há mais de vinte anos.

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