Wednesday, September 06, 2006

After Party

Bruce aguardou. Como Moira não deu explicações maiores, ele sentou-se no sofá, ao lado dela. Tendo conseguido controlar a raiva, sentiu o choque tardio de toda a experiência. O corpo tremia de leve.

- Seu pai? – perguntou; a própria voz era um resquício.

Moira somente assentiu. Bruce, então, escorregou uma das mãos pela nuca, a palma fria como um cubo de gelo. Suspirou.

- Pode estar enganada. Pode estar.

- Tenho certeza de que era ele – Moira insistiu. Não chegou a encará-lo.

- Moira, você mal se lembra do seu pai. Poderia ser qualquer Fulano.

Bruce se arrependeu em seguida. Estava cansado demais para lembrar que devia medir as palavras em uma situação tão absurda.

- Quero dizer, não. É que... – ele fez uma pausa. – Moira... eu sinto muito. Não era o que eu queria dizer.

Moira pareceu magoada. Ficou de pé no mesmo instante, caminhando em direção da cozinha. Bruce cerrou os dentes, amaldiçoando a si mesmo, e seguiu a garota.

- Por favor.

Bruce se aproximou, tocando o ombro dela. Moira não reagiu – permaneceu como estava, encarando o chão.

- Talvez, sim. Talvez seja o seu pai, não digo que não acredito em você. Mas o que Wilcox construiu não deixa de ser uma caixa de Pandora.

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