Wilcox pareceu tomar a recusa de Bruce como uma ofensa pessoal. Tirou um espelhinho quebrado de uma das muitas gavetas e começou a arrumar os cabelos com a ajuda de um pente amarelo, vários dentes faltando.
- Bruce, sua covardia me espanta. Não fazia parte do seu currículo.
- Não é covardia, é bom senso.
- Não tem a mínima curiosidade de saber como era o mundo antes do seu nascimento?
- Tenho. É claro que tenho – suspirou. – Foi por isso que eu estudei História – Bruce se levantou, ainda parecendo tonto. – Mas livros são seguros. Você não muda o destino da humanidade abrindo e fechando livros, ou escrevendo teses. Bom, talvez sim. De uma forma mais poética.
Ele se aproximou do trem e tocou a face metálica. Deu duas batidas leves, com os nós dos dedos. O cabelo de Wilcox, recém-assentado, ficou em pé mais uma vez.
- Não faça isso! – o professor sibilou, como se qualquer som mais alto pudesse pulverizar as máquinas.
- Espere até eu conseguir um martelo.
- Você vai, Bruce? – Moira perguntou.
Bruce olhou para ela, desfeito de todas as esperanças, e deu de ombros.
- Alguém vai precisar vigiar você dois.
Friday, August 18, 2006
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