Friday, August 18, 2006

Algumas explicações de ordem técnica e uma recusa

Moira prestava atenção nos computadores, pensando em silêncio. Olhou em volta, tentando encontrar uma resposta para as questões propostas, quase ao mesmo tempo, por Wilcox e Bruce.


- Bruce, isso viaja no tempo porque é só um acelerador. Para quebrar a barreira do tempo, é preciso velocidade. Lembra que eu te disse que ele precisaria arranjar um jeito de atravessar? Então... É isso... É isso. O trem acelera, e a pessoa que está dentro é projetada para dentro da barreira de tempo. Quando o trem passar de novo pelo mesmo ponto, provavelmente a pessoa será impelida a retornar.

- Mesmo sem o trem na volta?

- Provavelmente. Wilcox, quantos quilômetros tem essa linha?

- Cinco. É uma linha circular. Praticamente um trenzinho particular.

- Faz bem o seu estilo.

- Ora, obrigado – o professor pareceu genuinamente feliz com o elogio.




Moira se aproximou dos computadores. O professor na mesma hora correu assustado, como se a garota fosse um ogro pronto para matar seu cachorrinho de estimação. Ela olhou feio – por um minuto, Bruce achou que ela tinha até rosnado, mas devia ser só ilusão sonora. Afinal, Moira seria incapaz de fazer alguma coisa.

Se bem que há alguns meses, Wilcox parecia igualmente inofensivo. Bruce voltou a encostar-se à pilastra, quase desmaiando.

Enquanto isso, Moira se inclinou para o GPS, e começou a apertar botões com calma. Parecia saber o que estava fazendo, mas Wilcox ficara cada vez mais branco e assustado. O computador principal apontou uma latitude e longitude: 51°45′07″N, 1°15′28″W. Cambridge. O programa indicava que a barreira de tempo era de trinta e dois anos.



- Opa. Temos uma janela de espaço-tempo aqui...

- Moira, meu anjinho, você ainda não solucionou meu problema do lago – Wilcox estava quase soluçando.

- Professor, o senhor sabe que o tempo não é uma entidade estática. Muito provavelmente, esses sumiços são quando você “tropeça” num buraco do tempo passado. É o mesmo problema quanto a chegar no mesmo ponto de onde você saiu – o tempo continua se mexendo, é difícil de mirar!

- E eu continuo existindo?

- Se o buraco não for grande o suficiente, sim. Você disse que dura somente alguns segundos.

- E se o buraco for grande o suficiente?

- Eu não sei... Eu nunca viajei nesse troço!

- Então, vamos para essa falha que você achou. Tenho certeza que você se divertirá muito.


Bruce ficou mais pálido do que antes.


- Eu não vou subir nesse trem!

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