Pouco antes de um gato miar e levar uma sapatada, o Prof. Wilcox desabou em cima de um homem. Ele não se deu conta de que o homem era um homem, com tantos braços e pernas quanto um homem normal teria, até que se levantou, resmungando, massageou as nádegas e olhou para baixo. Um senhor estava estatelado no chão. O senhor, Alphonsine pôde ver, estivera lendo um jornal antes do acidente, e agora uma edição do The Times jazia desfeita em várias direções.
- Meu bom senhor, mil perdões! – o Prof. Wilcox pôs-se a se desculpar com o homem inconsciente, ao mesmo tempo em que tentava deixá-lo em posição mais confortável.
Recolheu o The Times sujo, dobrou-o e o deixou sobre o colo do senhor, correndo tanto quando podia – tanto quanto a idade permitia. Foi vítima de mais um dos surtos que o acometiam sem horário definido, onde pensava em si mesmo como um caderno de notas ambulante.
- Falhas. Três já catalogadas. Seja qual for o nível da distorção temporal precisarei remendar antes de empreender uma nova tentativa. Remendar, boa palavra. Pobre senhor. Se eu soubesse o nome, mandaria flores e um cartão – olhou para cima, tentando reconhecer os prédios. – Agora falta pouco para as oito da noite e espero estar no bairro certo. O restaurante não fica longe.
Embora houvesse chegado praticamente sem fôlego, Wilcox adentrou o Nicola’s com a mesma elegância que um homem, em tempos passados, teria adentrado seu clube de preferência. Cumprimentou o próprio Nicola como se fosse um amigo íntimo.
- Alô, meu bom homem. Eles estão na cozinha, não? – perguntou.
- Senhor – Nicola olhou para os lados. – Eu lhe conheço?
- É óbvio. Não, ainda não. Bem, agora conhece. Se me dá licença...
Bruce quase engasgou com suco ao reconhecer o professor. Levantou-se abruptamente, o que atraiu a atenção de Moira. Ela pareceu igualmente surpresa.
O professor, vermelho, descabelado, sorria. Até onde Bruce podia compreender, ele tentava se exibir, talvez pensando em si mesmo como um artigo ímpar, algo que não se vê jamais na vida.
- E então? E então, Bruce? Você duvidou, e aqui estou eu.
- Mas o quê...?
- A comida parece boa, de fato.
- Professor, o que o senhor está fazendo aqui?
O professor olhou para Bruce, penalizado.
- Ah, Bruce. Você vai entender logo. É incrível como alguns poucos dias a mais fazem diferença no intelecto. Etc, etc. Moira, olá.
Nicola apareceu, zangado e com o rosto vermelho.
- Mas o que é isso? Um tour pela minha cozinha? Senhor, eu ainda não...
- Meu bom homem de sangue italiano, eu peço desculpas. Das próximas vezes em que nos encontrarmos, eu serei mais educado. O senhor verá. Eu mesmo já o vi, na verdade.
Bruce, nervoso, puxou o professor para um canto.
- Wilcox, você, por acaso, enlouqueceu?
- Absolutamente.
- Como sabia que estávamos aqui? Eu achei que você estivesse trabalhando.
- E estou. A todo vapor – o professor suspirou. – Bruce, nada me daria mais prazer do que explicar tudo aqui e agora, mas não posso me intrometer. Você saberá quando for o tempo certo.
Ele se desvencilhou de Bruce.
- Sinto muito, Bruce. Mas é pela minha segurança. E antes que eu me esqueça, I chanced upon a farmhouse where a woman took me in. Ou coisa assim. Demônios, jamais deixarei que ela escolha outra vez.
- Como?!
Wilcox acenou para Moira, que parecia atônita, abraçou Nicola e despediu-se:
- Amanhã, não cheguem atrasados. Ah, como tudo é belo visto daqui.
Monday, June 12, 2006
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1 comment:
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
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