Monday, June 12, 2006

Um incidente estranho com explicação futura

Pouco antes de um gato miar e levar uma sapatada, o Prof. Wilcox desabou em cima de um homem. Ele não se deu conta de que o homem era um homem, com tantos braços e pernas quanto um homem normal teria, até que se levantou, resmungando, massageou as nádegas e olhou para baixo. Um senhor estava estatelado no chão. O senhor, Alphonsine pôde ver, estivera lendo um jornal antes do acidente, e agora uma edição do The Times jazia desfeita em várias direções.

- Meu bom senhor, mil perdões! – o Prof. Wilcox pôs-se a se desculpar com o homem inconsciente, ao mesmo tempo em que tentava deixá-lo em posição mais confortável.

Recolheu o The Times sujo, dobrou-o e o deixou sobre o colo do senhor, correndo tanto quando podia – tanto quanto a idade permitia. Foi vítima de mais um dos surtos que o acometiam sem horário definido, onde pensava em si mesmo como um caderno de notas ambulante.

- Falhas. Três já catalogadas. Seja qual for o nível da distorção temporal precisarei remendar antes de empreender uma nova tentativa. Remendar, boa palavra. Pobre senhor. Se eu soubesse o nome, mandaria flores e um cartão – olhou para cima, tentando reconhecer os prédios. – Agora falta pouco para as oito da noite e espero estar no bairro certo. O restaurante não fica longe.

Embora houvesse chegado praticamente sem fôlego, Wilcox adentrou o Nicola’s com a mesma elegância que um homem, em tempos passados, teria adentrado seu clube de preferência. Cumprimentou o próprio Nicola como se fosse um amigo íntimo.

- Alô, meu bom homem. Eles estão na cozinha, não? – perguntou.

- Senhor – Nicola olhou para os lados. – Eu lhe conheço?

- É óbvio. Não, ainda não. Bem, agora conhece. Se me dá licença...

Bruce quase engasgou com suco ao reconhecer o professor. Levantou-se abruptamente, o que atraiu a atenção de Moira. Ela pareceu igualmente surpresa.

O professor, vermelho, descabelado, sorria. Até onde Bruce podia compreender, ele tentava se exibir, talvez pensando em si mesmo como um artigo ímpar, algo que não se vê jamais na vida.

- E então? E então, Bruce? Você duvidou, e aqui estou eu.

- Mas o quê...?

- A comida parece boa, de fato.

- Professor, o que o senhor está fazendo aqui?

O professor olhou para Bruce, penalizado.

- Ah, Bruce. Você vai entender logo. É incrível como alguns poucos dias a mais fazem diferença no intelecto. Etc, etc. Moira, olá.

Nicola apareceu, zangado e com o rosto vermelho.

- Mas o que é isso? Um tour pela minha cozinha? Senhor, eu ainda não...

- Meu bom homem de sangue italiano, eu peço desculpas. Das próximas vezes em que nos encontrarmos, eu serei mais educado. O senhor verá. Eu mesmo já o vi, na verdade.

Bruce, nervoso, puxou o professor para um canto.

- Wilcox, você, por acaso, enlouqueceu?

- Absolutamente.

- Como sabia que estávamos aqui? Eu achei que você estivesse trabalhando.

- E estou. A todo vapor – o professor suspirou. – Bruce, nada me daria mais prazer do que explicar tudo aqui e agora, mas não posso me intrometer. Você saberá quando for o tempo certo.

Ele se desvencilhou de Bruce.

- Sinto muito, Bruce. Mas é pela minha segurança. E antes que eu me esqueça, I chanced upon a farmhouse where a woman took me in. Ou coisa assim. Demônios, jamais deixarei que ela escolha outra vez.

- Como?!

Wilcox acenou para Moira, que parecia atônita, abraçou Nicola e despediu-se:

- Amanhã, não cheguem atrasados. Ah, como tudo é belo visto daqui.

1 comment:

Anonymous said...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu