Monday, June 12, 2006

Considerações sobre Alphonsine Wilcox

A cozinha do Nicola's, administrada pela mãe e pelo irmão do dono do restaurante (o Giacomo, que era meio surdo), poderia ser classificada como um set de filmagem de uma versão de "Festa de Babette" para a RAI. Muita gente, muitos gritos e, principalmente, muita comida. Três panelas gigantescas de molho de tomate eram mexidas como um caldeirão de bruxa, e massas eram montadas com precisão industrial. O carro-chefe da casa, sem ser a lasanha, era um peito de frango recheado que tinha como apelido "Sophia Loren".

Nicola arranjara uma mesa para Moira e Bruce num canto menos atrapalhado do local, e fizera questão de não cobrar pelo antepasto e pela sobremesa (os especiais do dia eram tiramisu e cannolli de chocolate, "o Giacomo fez hoje, mais fresco só ele mesmo"). Bruce comera tanto que até assustara Moira:


- Eu vou dar parte do professor na Assembléia de Direitos Humanos. Você parece que não come desde a última Olimpíada!

- É que a comida está boa. E eu estou me vingando por causa do peixe cru a que fui infligido.

- Jantar de negócios?

- Na verdade, a Rose gosta de comida japonesa.

- E você, pelo visto, detesta.


Ele assentiu, dando mais uma garfada na lasanha. Moira achou por bem mudar de assunto.


- Escuta, Bruce, afinal de contas, que apito toca o professor Wilcox?

- Como assim?

- Bom, OK, ele é excêntrico.Mas não me parece que é do tipo que joga dinheiro pela janela. Me conratou a peso de ouro para quê? Só consertar os computadores dele? Não te parece, sei lá, estranho? Até pra ele?

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