Monday, June 05, 2006

Telefonema

Moira acordou às sete, com o telefone tocando. Do outro lado da linha estava sua melhor amiga, Layla Keller.

Parênteses. Não existia amizade mais verdadeira, e mais estranha, do que a de Moira e Layla. A primeira passava por uma nerd sem óculos com seu diploma em Matemática e seu cabelo comprido, lambido e de cor indefinida. Layla colecionava tatuagens, piercings e só tinha o curso técnico de esteticista. E tinha o cabelo atualmente pintado de roxo hematoma. Os opostos se atraem. Fecha parênteses.



- Moira! Você pediu pra te ligar! Acorda!

- Hein? Bom dia, Layla. Que horas são?

- Siete de la mañana, benzinho. Anda, levanta desse sofá-cama e ponha-se pra funcionar. Cê não me vai perder o emprego, né, mona?!

- Ah, tá. Tô indo. Tudo bem por aí? Como está o Jimmy?


Jimmy era o namorado de Layla, um anglo-japonês tatuador. Os dois moravam juntos há quatro anos com os dois irmãos da Layla.


- Jimmy tá jóia. Melhor que a encomenda. Anda, levanta-te e anda! Se não eu vou até aí, hein? Tua síndica me mata! Cê sabe que a velha não gosta desta que vos berra, imagina... Levanta!


Meia hora depois, Moira seguia pelo trem com os fones de ouvido berrando "All Day And All Of The Night" no último volume e uma caixa de ferramentas um pouco maior no outro braço. O endereço que o Prof. Wilcox passara era de uma casa no Hampton, bairro que Moira conhecia muito mal porque não tinha nenhum amigo ou chegado que tivesse dinheiro a ponto de residir ali.

A casa em questão parecia perfeitamente normal e sem graça, com um cachorro marrom parado no jardim mal cuidado, escondendo alguma coisa em um buraco. Depois de alguns instantes deu para notar que era um sapato.

O dono do sapato - Bruce - apareceu correndo alguns instantes depois, pulando num pé só no meio do jardim.

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