Monday, June 05, 2006

Num banco de praça

Please be stronger than your past
The future may still give you a chance

(George Michael, "Cowboys and Angels")

Moira não voltou direto para casa depois da entrevista de emprego com o tal Prof. Wilcox. Cruzou a cidade na direção do rio Tâmisa, a caminho da Torre de Londres.

Havia uma praça onde os prisioneiros eram executados em público. No século XX, ganhara um monumento em homenagem aos mortos das duas Grandes Guerras, o que Moira sempre via como uma grande ironia. Que a melhor foto que ela tinha de seus pais viesse justamente dali - Arthur e Stella, sentados num banco, ele um sujeito alto e desajeitado, ela uma moça muito magra e de cabelos muito compridos e ofensivamente lisos - era mais irônico ainda.

Ironias à parte, ela gostava de vir ali e se sentar no mesmo banco para pensar na vida.

Naquela tarde em particular, estava pensando se fizera bem em aceitar o mês de experiência com o tal Prof. Wilcox. Que ele era maluco, não precisava de muito esforço para descobrir - assim como não era preciso ser um gênio das relações humanas para saber que ele se impressionara com o truque do computador.

Mas ela ainda não matutara por que um professor de História precisaria da ajuda de uma bacharel em Matemática. Só precisava saber que o salário era bom e que, bem ou mal, o tal Wilcox e o tal Bruce eram excêntricos, mas não sociopatas (pelo menos à primeira vista).

Colocara os fones de ouvido, esticara as pernas e passara a escutar "Cowboys and Angels" sentada no banco, vendo a vida passar e o sol se pôr detrás dos prédios do centro financeiro da velha Londres. Enquanto durasse a música e a vista, não precisaria de mais nada.

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