Monday, June 12, 2006

Nicola's

O restaurante que Moira havia indicado ficava dentro de um porão. Bruce saltou do táxi e olhou, surpreso. Precisou apontar antes de ter certeza:

- Lá?

Moira fez que sim com um aceno de cabeça. Bruce colocou as mãos dentro dos bolsos do paletó – era seu único escudo.

- Tudo bem. Eu sou aberto a todos os tipos de novas experiências.

- Mesmo?

- Eu comi peixe cru semana passada.

Nicola, o dono do restaurante, era um homem gorducho e de cabelos muito escuros. Estava usando dois telefones ao mesmo tempo, brigando com um dos garçons, riscando um bloquinho de notas e, ainda assim, arranjou um jeito de sorrir ao avistar Moira.

- Como vai, Nicola? – a garota cumprimentou.

Nicola fez, impossível dizer como, um gesto com a mão esquerda, pedindo para que os dois aguardassem enquanto ele se livrava das ligações. No ínterim, Bruce inspecionou o lugar. Abafado. Cheiro de vinho. Aparentemente respeitável.

Um grupo de estudantes – pareciam estudantes, vestiam-se e falavam como estudantes – puxou em coro um hino desconhecido que cantavam tanto em italiano quanto em inglês.

- Moira – Nicola libertou o último fone. O fio escuro ficou enroscado em seu punho e ele precisou lutar um pouco. – Ah! Bem. Faz tempo que não vejo você!

Moira sorriu, ajudando-o.

- Eu precisei sumir. Consegui um emprego.

- Verdade? – e olhou para Bruce. – Seu amigo, ele parece intimidado pelo meu restaurante – Nicola, depois, deu um sorriso sem graça, temendo haver cometido alguma gafe. – Ele veio com você, não veio?

- Veio. É meu colega de trabalho.

Bruce estendeu a mão. Nicola aceitou o cumprimento, desconfiado.

- Bruce Glendoning.

- Bruce. Ora, nome forte.

- Obrigado. Se dependesse na minha mãe, eu seria Hermes.

- Nicola, por acaso você não teria uma mesa vaga, não é? – Moira perguntou.

O dono do restaurante coçou a cabeça, pensativo.

- Infelizmente, hoje estamos com bastante movimento - franziu o cenho; ponderou a respeito do que dissera. - Infelizmente não, quero dizer! Graças a Deus! Parece que nós somos um sucesso entre os universitários. O que eu realmente digo é que, talvez, se vocês esperassem um pouco...

Ele se interrompeu. Abriu um sorriso otimista e balançou o indicador, como se abençoado com a melhor das idéias.

- Mas você é da casa, Moira. A cozinha está sempre, sempre, à disposição. Se seu amigo não se importa de comer entre panelas...

- Eu sou aberto a todos os tipos de novas experiências.

No comments: