Wednesday, June 21, 2006

Mais um pouco de estranhezas

Wilcox entrou fungando. Alguma coisa parecia desagradá-lo, e foi com desconfiança que pousou os olhos nos trabalhos de Bruce e Moira. Abanou qualquer coisa frente ao rosto.

- Meus assistentes. Estão sentindo esse cheiro?

Bruce fez uma pausa. Encarou brevemente Moira, que respondeu em cumplicidade. Farejou o ar, mas não identificou coisa alguma.

- O que é? Gás?

- É o cheiro da ociosidade. Que está se impregnando no tapete e escapando através das frestas das portas, assustando as pessoas.

Bruce deu um suspiro de descaso. Indicou a mesa.

- Seu mapa, a propósito, está pronto.

- Mas não sem tempo! – Wilcox exclamou, indignado. – Há quantas semanas eu o incumbi disso?
- Há três dias.

Wilcox gaguejou:

- Bom, foram longos três dias!

Ele se moveu, nervoso, para perto de Moira, espiando o aparelho como uma criança teria observado uma vitrine da loja de doces.

- É bonito, muito bonito.

Bruce observou o professor, incrédulo. Cada nova aparição era mais esquisita do que a precedente. O episódio do restaurante italiano ainda o perseguia, inexplicável.

- Bruce, - o professor virou-se para ele. Moira pareceu aliviada. – Onde está o cachorro?

- Lá fora. Eu espero.

Wilcox estremeceu. Resmungou, enquanto abria a porta.

- Ele é o único que me ajuda a pensar!

Bruce e Moira passaram os minutos seguintes em silêncio, os dois olhando para o corredor e temendo que o professor retornasse. Quando o mundo, ao que tudo indicava, era mais uma vez seguro, Bruce, sorrindo, retomou o trabalho:

- Se estiver pensando em me perguntar como eu fui capaz de agüentar durante tantos anos, simplesmente não pergunte.

No comments: