Wilcox entrou fungando. Alguma coisa parecia desagradá-lo, e foi com desconfiança que pousou os olhos nos trabalhos de Bruce e Moira. Abanou qualquer coisa frente ao rosto.
- Meus assistentes. Estão sentindo esse cheiro?
Bruce fez uma pausa. Encarou brevemente Moira, que respondeu em cumplicidade. Farejou o ar, mas não identificou coisa alguma.
- O que é? Gás?
- É o cheiro da ociosidade. Que está se impregnando no tapete e escapando através das frestas das portas, assustando as pessoas.
Bruce deu um suspiro de descaso. Indicou a mesa.
- Seu mapa, a propósito, está pronto.
- Mas não sem tempo! – Wilcox exclamou, indignado. – Há quantas semanas eu o incumbi disso?
- Há três dias.
Wilcox gaguejou:
- Bom, foram longos três dias!
Ele se moveu, nervoso, para perto de Moira, espiando o aparelho como uma criança teria observado uma vitrine da loja de doces.
- É bonito, muito bonito.
Bruce observou o professor, incrédulo. Cada nova aparição era mais esquisita do que a precedente. O episódio do restaurante italiano ainda o perseguia, inexplicável.
- Bruce, - o professor virou-se para ele. Moira pareceu aliviada. – Onde está o cachorro?
- Lá fora. Eu espero.
Wilcox estremeceu. Resmungou, enquanto abria a porta.
- Ele é o único que me ajuda a pensar!
Bruce e Moira passaram os minutos seguintes em silêncio, os dois olhando para o corredor e temendo que o professor retornasse. Quando o mundo, ao que tudo indicava, era mais uma vez seguro, Bruce, sorrindo, retomou o trabalho:
- Se estiver pensando em me perguntar como eu fui capaz de agüentar durante tantos anos, simplesmente não pergunte.
Wednesday, June 21, 2006
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment