Estava frio - as janelas do The Trooper estavam embaçadas. Era tanta gente do lado de dentro que caminhar se tornara um desafio.
Kirk saíra arrastando o pé direito, arruinado há tantos anos, pronto para encarar o ar gélido das noites de Norwich. Mais uma noite que descia. E lá vinha Nicholas, descendo a rua, os passos incertos e as mãos dentro dos bolsos do sobretudo surrado.
Todas as noites eram assim. Nicholas não falava coisa com coisa nem mesmo sóbrio; quando bêbado, virava um gênio incompreendido e um chorão de marca maior. Naquela noite, ele vinha lado a lado com um garoto de uns dezessete anos, cabelos castanhos, casacão de lã encardido.
Eram parecidos, Kirk pensou. Nicholas sempre falava do filho, Bruce, que morava em Londres. Mas o garoto que lhe acompanhava parecia bem mais jovem. Quem pode dizer se ese aí também não é dele? Os homens sempre aparecem com alguma novidade, Kirk riu para si mesmo.
- Boa noite, meu velho - Nicholas cumprimentou com um gesto de cabeça.
- Boa noite, professor - Kirk não perdia a oportunidade de mencionar o apelido de Nicholas - O jovenzinho aí, quem é?
- Ele? - Nicholas olhou para o lado, como se feliz de ver que não estava tendo alucinações - Ele disse que se chamava Peter.
Thursday, August 02, 2007
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