Tuesday, February 13, 2007

A caminho

Sob o efeito terapêutico da direção, Bruce tentava pensar em uma explicação positiva. Talvez ninguém houvesse roubado, afinal, os equipamentos. Talvez o próprio Wilcox houvesse descontado neles a frustração sentida ao deparar-se com os resultados quase catastróficos de seu projeto, como uma crise tardia de consciência. Talvez ele e Moira jamais precisassem voltar a pensar em viagens temporais, ao menos não aquelas que envolvessem o professor.

- Quem roubaria? – Bruce disse, de repente. – Quero dizer, quem saberia? Quem sequer acreditaria? Não é como dizer “Bem, fiquei sabendo que há uma enorme quantidade de jóias naquela casa, a senhora as deixa guardadas sob a cama”. Quero dizer: “Bem, ouvi dizer que aquele cara construiu uma máquina do tempo, ele a deixa guardada em uma estação de metrô desativada”. Que homens seriam o bastante...

- Está sugerindo que a máquina foi roubada por batedores de carteira? Porque eu acho que o ladrão teria de ser um pouco mais ambicioso.

- Quem? Alguém da Universidade? Ninguém gosta do Wilcox. Ninguém gosta do Wilcox o bastante para sequer saber como ele ocupa seus dias, e ninguém gosta o bastante de Wilcox para acreditar que ele construiu uma... mesmo que Wilcox espalhasse folhetos por aí.

- Bem, alguém sabe, isso é certo.

- E se foi o próprio Wilcox? O sangue... bem, ele pode muito bem ter se ferido.

- Então teríamos encontrado um cadáver, porque acho que Wilcox preferiria se matar antes de destruir os aparelhos. E há o cachorro.

- O que tem o cachorro?

- Wilcox não feriria o cachorro.

- Por que não? – perguntou Bruce, o tom de voz deixando óbvio que ele achava improvável alguém ser incapaz de querer machucar Fahrenheit.

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