A semana seguinte foi das mais absurdas de que Bruce se recordava. Edward havia deixado o hospital; Honoria, por precaução, estava em Norwich.
De volta a Londres, cumprindo sua palavra, Moira não reapareceu. Mas Wilcox também não, e Bruce, em uma terça-feira, sentado no gramado do quintal, observando o galpão fechado, ficou imaginando se acaso o professor não deletara a própria existência, impedira seu próprio nascimento para se redimir.
Mas os sinais de Wilcox ainda estavam lá; Fahrenheit, a bagunça usual, bilhetinhos grudados nos lugares mais inusitados, com instruções que Bruce seguia mecanicamente, feito um robô.
O silêncio da casa, que antes apreciava, agora só fazia incomodá-lo.
Quando Rose ligou, foi como colocar a cereja no topo do bolo.
- Você não deu mais notícias – ela acusou. Bruce sabia o que viria em seguida.
- Rose... eu nem posso começar a explicar o que foram os últimos dias.
- Ele morreu?
- Quem?
- O homem que estava morrendo.
- Não, não morreu. Está vivo. Está bem. Obrigado por perguntar.
- Bom. Quando vou poder ver você?
- No dia em que eu achar uma forma de encontrar quem roubou a minha rotina, enchê-lo de pancadas e tomá-la de volta.
- Está tentando ser engraçado, Bruce?
- Eu bem que gostaria.
- Eu poderia lembrá-lo de que vou participar de um desfile no sábado, mas não vejo motivos. Você, é claro, não vai comparecer.
Bruce esfregou os olhos. Não era capaz de imaginar como seria um desfile de moda, e tinha até certo medo de se permitir pensar a respeito.
- Você supõe demais. Quando vai ser?
- Sábado. Eu disse.
- Sábado, que horas, florzinha?
- Vai começar às seis da tarde, mas eu vou precisar estar lá desde manhã, então...
- Estarei lá às cinco. Rose, preciso voltar ao trabalho. De verdade.
Rose respirou fundo.
- Muito bem. Eu ligo mais tarde.
Bruce guardou o celular no bolso. Sem hesitação, pegou o casaco e saiu.
Thursday, November 30, 2006
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