Estava ali, no registro do computador - as coordenadas levavam para maio de 1973. A fenda temporal ainda estava aberta, o que significava que Moira e Bruce podiam acionar a máquina mais uma vez e ir atrás do professor antes que ele fizesse a grande bobagem de alterar o tempo e com isso seu destino.
- Mas... Moira... você não sabe mexer nesse... nesse troço.
Ela olhou por cima dos óculos de leitura, com um muxoxo. A estação de metrô parecia ainda mais abandonada e fria. Bruce parecia ainda mais pálido sob as luzes das lâmpadas fluorescentes.
- Eu tenho uma idéia - lembre-se que eu ajudei a montar esse treco. E, de qualquer forma, o que você prefere? Esperar o Wilcox voltar e acertar a cabeça dele com uma borduna?
- É uma opção válida? Se for, eu aceito.
- Suba naquele trem. Eu vou acionar os comandos.
- O Wilcox não vale tanto sacrifício.
- Não me lembro de ter empurrado você até aqui.
Ela tinha uma estranha voz de comando, como se incumbida de uma missão impossível. Digitou alguns números no computador e logo o trem começou a apitar, como um dragão soaria se existisse. Por via das dúvidas, Bruce agarrou-se nos assentos, com medo da queda iminente.
E o trem começou a se movimentar.
***
I paid all my dues so I picked up my shoes
I got up and walked away.
Oh, I was just a boy, I didn't know how to play...
O rádio de um carro tocava uma canção de Roger Daltrey. O ar cheirava a chuva e terra molhada. Sinos ao longe. As mãos de Moira em seu rosto, mãos quentes contra um rosto gelado.
- Ei. Bruce. Bruce.
- 1973, eu presumo? - a voz saiu grogue, ele parecia que ia vomitar de novo.
- Exato. Cinco de maio de 1973. Um sábado.
Ele olhou para suas roupas, encardidas porque ele aterrisara dentro de um canteiro de petúnias. Moira não estava melhor - tinha caído na calçada e arranhado os joelhos.
- Onde é que nós estamos, exatamente?
- Se eu estou reconhecendo aquela igreja ali - apontou um prédio ao longe, enquanto Bruce se levantava - estamos em St. Martin In The Fields. Londres, portanto.
- Ótimo. Como é que nós vamos achar o professor?
Ela apontou um Rolls-Royce branco que descia a rua.
- Vamos seguir aquela noiva... Pode ser um bom palpite!
Thursday, October 05, 2006
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