Thursday, June 01, 2006

Do diagnóstico de um som

O professor olhou para Moira de alto a baixo, processando a informação que seu assistente tinha lhe passado, enquanto delicadamente tirava a mão do ombro da garota.


- Ah, claro, claro, o anúncio. Bem se viu que ela não é a Rose, não anda com aquelas roupas modernosas, não é mesmo? Mas a senhorita, posso chamar de você? Bom, a senhorita tem idade para ser formada, senhorita Harris – é Harris, não é? Ainda por cima em Matemática?


O que ele queria dizer era: “você me parece muito nova e ainda por cima muito arrumadinha para a função”, mas tropeçara numa das pontas do tapete antes que pudesse concluir o raciocínio e acabou esquecendo.

Bruce repassou o currículo de Moira para o professor, que leu atentamente cada vírgula – duas vezes, pelo tempo que demorou.


- Senhorita Harris, eu não sei se a senhorita estaria apta... Não me leve a mal... Mas mocinhas bonitas não consertam computadores.

- Posso provar que a “mocinha bonita” aqui consegue – Moira respondeu na mesma hora, e apontou para o computador ao lado de Bruce – Esta lata velha, por exemplo... Faz um tremendo barulho. E aposto que desliga de repente sem motivo.


Bruce e o professor se entreolharam com surpresa, o que confirmou a tese de Moira.



- Eu posso dar uma olhada.

- E a senhorita vai abrir isso com o quê? As mãos? – o professor parecia incerto, até que Moira tirou uma caixinha de metal de dentro da bolsa vermelha, contendo ferramentas em tamanho reduzido, próprias para a atividade de abrir HDs.

Em dez minutos ela já tinha desmontado e remontado o velho 486 da sala e apontava o “culpado” pelo superaquecimento com o cabo da chavinha de fenda.


- Viu? O ventilador da máquina estava emperrado. Com isso, o motor faz barulho mas não trabalha, a máquina fica quente e desliga por medida de segurança – e, depois de um instante, adicionou – Se não vão me dar o emprego, então eu vou cobrar quarenta libras pelo conserto.

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