O que mais assustava Bruce não era a aparência quase maltrapilha do chefe, mas o olhar insano no rosto do mesmo.
- Preparai-vos, assistentes! Não podem imaginar o que aconteceu.
Bruce sacudiu a cabeça, desanimado. Estava perdendo o apetite.
- O que houve? – inquiriu; imediatamente pensou em sapos brotando das paredes do Parlamento, o monstro do Lago Ness sendo descoberto e um leprechaun bêbado seqüestrando a London Eye.
Wilcox, orgulhoso, raspou um pó avermelhado dos ombros. Cheirava à páprica.
- Fui capaz de realizar minha primeira experiência temporal! Agora mesmo, sob este chão em que estamos pisando! Cheire este tempero abençoado, esta dádiva de eras passadas.
Radiante, estendeu a mão para Bruce, que recuou, sentindo o pescoço latejar.
- Claro, professor. Outra hora, porém. Moira, vou pegar meu casaco. Vejo você lá fora.
O queixo de Wilcox tremulou. Num gesto relâmpago, agarrou os ombros de Moira, sacudindo a garota.
- Você acredita em mim, não acredita, Moira? Você construiu o aparelho!
- Professor, eu...
- Wilcox, largue a garota. Você vai matá-la.
Com docilidade, Wilcox se afastou. Tinha os dedos das mãos enrijecidos e um sorriso estático. A força que empregava nele era tanta que seus dentes pareciam a ponto de rachar.
- Vai ser muito interessante ouvir sua história, professor – Moira disse, recompondo-se. – Amanhã, no horário de tarbalho.
Wilcox deu um risada de desdém.
- Precisa de uma prova?
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment