Tuesday, July 25, 2006

Em que o Prof. Wilcox pode, afinal, estar falando a verdade, e onde um desafio é sugerido

O que mais assustava Bruce não era a aparência quase maltrapilha do chefe, mas o olhar insano no rosto do mesmo.

- Preparai-vos, assistentes! Não podem imaginar o que aconteceu.

Bruce sacudiu a cabeça, desanimado. Estava perdendo o apetite.

- O que houve? – inquiriu; imediatamente pensou em sapos brotando das paredes do Parlamento, o monstro do Lago Ness sendo descoberto e um leprechaun bêbado seqüestrando a London Eye.

Wilcox, orgulhoso, raspou um pó avermelhado dos ombros. Cheirava à páprica.

- Fui capaz de realizar minha primeira experiência temporal! Agora mesmo, sob este chão em que estamos pisando! Cheire este tempero abençoado, esta dádiva de eras passadas.

Radiante, estendeu a mão para Bruce, que recuou, sentindo o pescoço latejar.

- Claro, professor. Outra hora, porém. Moira, vou pegar meu casaco. Vejo você lá fora.

O queixo de Wilcox tremulou. Num gesto relâmpago, agarrou os ombros de Moira, sacudindo a garota.

- Você acredita em mim, não acredita, Moira? Você construiu o aparelho!

- Professor, eu...

- Wilcox, largue a garota. Você vai matá-la.

Com docilidade, Wilcox se afastou. Tinha os dedos das mãos enrijecidos e um sorriso estático. A força que empregava nele era tanta que seus dentes pareciam a ponto de rachar.

- Vai ser muito interessante ouvir sua história, professor – Moira disse, recompondo-se. – Amanhã, no horário de tarbalho.

Wilcox deu um risada de desdém.

- Precisa de uma prova?

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